Transtorno
Moradores seguem em alerta nas Doquinhas
Nível do canal São Gonçalo diminuiu nos últimos dias, mas deve voltar a subir na segunda-feira com previsão de muita chuva
Jô Folha -
A chuva intensa dos últimos dias deixou diversas famílias desabrigadas e desalojadas na região das Doquinhas, no Porto de Pelotas. Desde a noite de sábado, o nível do canal São Gonçalo passou a diminuir, possibilitando que cinco delas voltassem para as suas casas. De acordo com informações do coordenador da Defesa Civil em Pelotas, João Arthur Assumpção, vinte pessoas seguem em residências de amigos e parentes.
Moradora há mais de três décadas na região, Ladi Macedo, 34, disse que sempre quando chove e venta bastante acontece de entrar água nas casas. Cerca de 200 pessoas, sendo 33 crianças, residem nas imediações do São Gonçalo, entre o dique e o canal. A área é considerada de risco.
“Quando chove lá para cima, vem tudo para cá”, comenta o pintor Cleiton Bandeira, 37, referindo-se às águas do Centro e do Norte do Estado. O vento nordeste é o responsável por trazer as águas da bacia do Rio Jacuí para o São Gonçalo, que não comporta tal volume e espraia-se pela localidade do Porto. O mesmo acontece com as águas dos rios Piratini e Jaguarão.
Sem querer deixar seus pertences à mercê de furtos, a maior parte dos moradores permanece nas suas casas, convivendo com uma água suja, misturada a esgoto e com altas chances de transmissão de doenças. Na residência de Patrícia Fernandes, 37, os móveis foram levantados e a água acabou prejudicando bastante a cozinha.
IMPASSES
Um abrigo improvisado foi montado no Ginásio do Karoço, segundo Assumpção, mas é preciso da adesão de cerca de 50 pessoas. Do contrário, casos individuais são encaminhados para Casas de Passagem. A dona de casa Jaqueline Sousa, de 47 anos, conta que sua irmã aceitou a proposta e depois voltou chorando do local. Disse que havia sangue nos lençóis e um homem ameaçou a sua filha adolescente.
Com vontade de deixar a localidade, os moradores contam que se cadastraram na prefeitura para receber habitações, mas não foram atendidos. Não quererem ser levados para bairros considerados perigosos. “Aqui todo mundo se conhece, as crianças brincam na rua. Não vamos para um lugar onde tem tiro de manhã até de noite”, comenta Patrícia.
A Defesa Civil chegou a levar água potável e alimento para os moradores na sexta e no sábado. Pelo sentido do vento, era possível perceber que a água estava lentamente voltando a subir. A previsão para esta segunda-feira é de 40 milímetros de chuva durante todo o dia, o que já preocupa a comunidade.
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